Pensamentos Kafkianos em cor-de-rosa

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012



Sei que fica mal dizer que o meu primo M. é o meu primo favorito, mas embora goste de todos, o M. é o irmão que não tive. Na infância era o melhor companheiro de brincadeiras, alinhava em tudo, mesmo quando eu imponha as regras, alegando que era a mais velha e ou brincávamos ao que eu queria ou não brincávamos de todo. Lembro-me de jogarmos baseball dentro de casa (para terror da minha tia e da sua colecção vista alegre) e de nos chamarmos Mike e Melga (por causa de um programa de televendas que tínhamos visto num canal qualquer) de forma alternada, pois nenhum queria ser o Melga. Fomos crescendo sempre com a mesma cumplicidade mas afastámo-nos ligeiramente (na adolescência 4 anos é muitaaaa diferença) e chegámos quase a ser só primos. Primos que gostavam muito um do outro mas primos. Tivemos sempre presentes nos momentos importantes um do outro como família e sempre que nos víamos era uma festa igual à do tempo do Mike e da Melga. Actualmente estamos muito próximos e fomos com uma amiga dele ao chiado, onde ele brilhou e rebrilhou. O M. tem esse efeito nas pessoas, principalmente nas mulheres. Desde sempre. Ele ausentou-se e acabámos as duas por falar dele. Está diferente, disse-me ela. Está exactamente igual a sempre. Sempre conheci o meu primo assim, respondi. Depois lembrei-me de um período menos bom da sua vida. Do desemprego e da depressão. Parece que esteve a dormir e agora acordou, acabei por acrescentar. E é exactamente assim que me sinto neste momento. A dormir. Por muitos motivos e por nenhum. E nem sei bem porquê e sei exactamente porquê. Sinto que preciso acordar brevemente e voltar a ser eu.




1 comentário:

  1. Como compreendo esse sentimento. Sei que o meu tem a ver com uma data de perspectivas defraudadas. Expectativas que se criam sobre a profissão, o amor e a amizade que, com o passar dos anos, se tornaram amargas. Mas espero por esse despertar e acredito que a fase é de aprendizagem. Mesmo que a longo prazo:)

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