Sei que fica mal dizer que o meu primo M. é o meu primo
favorito, mas embora goste de todos, o M. é o irmão que não tive. Na infância
era o melhor companheiro de brincadeiras, alinhava em tudo, mesmo quando eu
imponha as regras, alegando que era a mais velha e ou brincávamos ao que eu
queria ou não brincávamos de todo. Lembro-me de jogarmos baseball dentro de
casa (para terror da minha tia e da sua colecção vista alegre) e de nos
chamarmos Mike e Melga (por causa de um programa de televendas que tínhamos visto
num canal qualquer) de forma alternada, pois nenhum queria ser o Melga. Fomos
crescendo sempre com a mesma cumplicidade mas afastámo-nos ligeiramente (na
adolescência 4 anos é muitaaaa diferença) e chegámos quase a ser só primos. Primos
que gostavam muito um do outro mas primos. Tivemos sempre presentes nos momentos
importantes um do outro como família e sempre que nos víamos era uma festa
igual à do tempo do Mike e da Melga. Actualmente estamos muito próximos e fomos
com uma amiga dele ao chiado, onde ele brilhou e rebrilhou. O M. tem esse
efeito nas pessoas, principalmente nas mulheres. Desde sempre. Ele ausentou-se e
acabámos as duas por falar dele. Está diferente, disse-me ela. Está exactamente
igual a sempre. Sempre conheci o meu primo assim, respondi. Depois lembrei-me
de um período menos bom da sua vida. Do desemprego e da depressão. Parece que
esteve a dormir e agora acordou, acabei por acrescentar. E é exactamente assim
que me sinto neste momento. A dormir. Por muitos motivos e por nenhum. E nem
sei bem porquê e sei exactamente porquê. Sinto que preciso acordar brevemente e
voltar a ser eu.
El farolillo
Há 5 dias
Como compreendo esse sentimento. Sei que o meu tem a ver com uma data de perspectivas defraudadas. Expectativas que se criam sobre a profissão, o amor e a amizade que, com o passar dos anos, se tornaram amargas. Mas espero por esse despertar e acredito que a fase é de aprendizagem. Mesmo que a longo prazo:)
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