A propósito disto, lá me decidi e comprei o vermelho ardente publicitado pela Jessica Athayde, com a esperança (ou não!) que não fique assim tão vermelho porque o meu cabelo é escuro. E não é que fui ler as instruções? E não é que dizia lá para não pormos tinta na cabecita se tivéssemos alergias ou infecções cutâneas? Imediatamente lembrei-me do meu nariz e fiquei tentada a pintar o cabelo, ficaria lindo a combinar com o nariz! Agora tenho a tinta em casa e não a posso pôr!! E olho para ela todos os dias! Mas quem é que lê as instruções?!
Quando em pouco mais de um mês já tivemos uma infecção cutânea no nariz (daquelas que não se resolvem à primeira), já caímos redondas no chão, torcemos os pés, magoámos os joelhos, braços, pulsos e mão e hoje acordámos com dores de garganta.
Tenho um trauma que me persegue desde o 7º ano, mais coisa menos coisa, chamado inglês. Andava no 7º ano, aluna mediana a inglês, quando sofri uma humilhação brutal, em plena sala de aula, pela professora que nesse dia estava muito pouco paciente. Ah e tal, a professora ralhou com a menina! Foi um pouco mais do que isso, mas tal motivo não é o conteúdo do post, posso dizer que foi o suficiente para me custar imenso falar em inglês. Felizmente na faculdade não tive inglês, só francês e só no 1º ano, pelo que lia bibliografia em inglês mas falava sempre em português. E a coisa foi andando. Tirando umas indicações pontuais a turistas, não falava inglês. Não tinha necessidade, nem vontade. Também não tinha obrigatoriedade, os empregos que tive não o exigiam. E fui arrastando, até porque percebia e conseguia acompanhar qualquer conversa com um sorriso e uns tímidos sim, não, talvez, o que não chocava ninguém porque por norma sou tímida. Pelo menos quando não conheço as pessoas ou quando as conheço pouco. Ultimamente tenho tido necessidade de falar em inglês. O emprego começa a exigir. Percebi isso numa reunião com um potencial parceiro alemão, que não falava português. Os tímidos sim, não, talvez, não se coadunam com emprego, reuniões ou negócios. Tive de falar em inglês, foi-me saindo de forma automática, algumas palavras um pouco enferrujadas mas confesso que fiquei surpreendida com o resultado. Quem me viu, diz que fiquei corada. Eu senti-me nervosa, muito nervosa. Desde então, meti na cabeça que tenho de ir para uma escola aperfeiçoar o inglês e dar uma tareia neste trauma parvo. Pesquisei, pesquisei e encontrei uma escola perto da minha casa. Já lá fui 3 vezes em horários diferentes e nada, sempre fechado. Ligo para os 2 contactos da escola e um está constantemente desligado e do outro não atendem. Nem retribuem a chamada. Mas querem ver que não consigo falar inglês?
Quando estou muito ansiosa esqueço-me dos códigos do multibanco e normalmente é quando mais preciso. Mas em que situações é que isso me acontece? Quando estou completamente perdida e atrasada para uma reunião e estou com o carro na reserva e não faço a mínima ideia se estou a 2 km ou a 423 Km da bomba mais próxima ou quando tenho de carregar o telemóvel para fazer uma chamada daquelas que vai salvar o planeta. Quando finalmente encontro a bomba de gasolina ou a caixa multibanco e portanto, o pior já passou, é precisamente aqui que me esqueço dos códigos. Dá ou não vontade de me bater?
Hoje tinha uma mensagem no skype do meu grande amigo que vive em Inglaterra. Foi para lá há 12 anos e por lá ficou e casou. Vem pontualmente a Portugal e é sempre uma festa. Tenho pensado muito nele nestas últimas semanas. Talvez porque ando a pensar em lá ir, talvez porque sinto necessidade de praticar o meu inglês, talvez porque vejo televisão a mais (ver aqui), talvez porque quero dar uma volta na minha vida ou simplesmente porque não quero viver permanentemente em Angola e há que arranjar soluções. Seja porque motivo for, ou motivos, tenho pensado muito nele.
Hoje liguei o skype e tinha esta mensagem:
Bom dia Amiga! hoje acordei cedo (Well! Mais cedo que as Galinhas... lol)
A lenda tenta explicar o que não se pode explicar; porque vem de um fundamento de verdade, tem de terminar no que não se pode explicar.
De Prometeu conhecemos quatro lendas. Diz a primeira que ele foi agrilhoado ao Cáucaso por ter traído os deuses aos homens e que os deuses enviaram águias que lhe devoravam o fígado que se renovava sem fim.
Diz a segunda que, com a dor das bicadas que o atormentavam, Prometeu se apertou cada vez mais contra o rochedo até se tornarem um.
Diz a terceira que passados milhares e milhares de anos a sua traição foi esquecida, os deuses esqueceram, as águias, ele próprio.
Diz a quarta que todos se cansaram do que já não tinha fundamento. Os deuses cansaram-se, as águias. A ferida fechou-se cansada.
dá-me uma vontade louca de mudar de vida ou de dar uma volta na minha vida. Acho que vou pintar o cabelo. É mais barato, tem menor risco e as consequências são mais previsíveis.
Mas foi o suficiente para sentir saudades do Inverno. Calma, calma que já me passou. Não posso ver o Midsomer Murders, está visto. Mas há lá série mais cutxi cutxi? Apetece-me sempre viver naquelas casas, dar longos passeios de bicicleta e beber chá enquanto leio um livro com a lareira acesa. Que delícia!