Pensamentos Kafkianos em cor-de-rosa

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Maria


Hoje fui ao ikea para comprar mais uma estante para os meus muitos pares de sapatos, que não param de aumentar. Felizmente. Mas dei por mim, a ser terrivelmente atraída por uma mulher e não tanto por qualquer estante que o ikea tivesse para me oferecer. Começou pela louis Vuitton que trazia (um arraso), um vestido fantástico que lhe conferia uma enorme elegância e pela cara que me parecia familiar. Depois de muito congeminar, lá me lembrei da Maria. Trabalhei com ela há alguns anos, eu com 18 ou 19 anos e ela talvez com 26, numa loja de roupa carérrima que fazia as nossas delícias. Para mim era um emprego de Verão, antes de entrar para a faculdade e para ela era algo com que se entreter após a faculdade, até arranjar trabalho na área. A Maria tinha uma influência em mim muito positiva, era mais velha, segura, confiante, despachada, gira e com um apelido que abria muitas portas, fosse para o que fosse. Apesar dela não necessitar, fazia questão em usá-lo, não para se evidenciar, mas para resolver questões que aos outros seriam complicadíssimas. Altruísta. Lembro-me de pensar que gostaria de ser como a Maria. Nesse mesmo Verão, tudo se resolveu. Eu entrei para a faculdade e ela foi admitida numa empresa para o lado das Amoreiras. Não nos voltámos a ver, não éramos amigas. Nem nunca mais me lembrei dela. Hoje, sem saber inicialmente quem ela era, senti-me contagiada por algo positivo, por uma sensação muito forte de que tudo é possível. Lá estava a Maria, mais confiante e elegante, parecia feliz ao lado daquele homem e da criança. E eu, que sempre quis viver sozinha, nunca pensei em casar e muito menos em ter filhos, dei por mim a pensar pela primeira vez, que talvez gostasse daquela situação para mim. Mas acho que foi só por ser a Maria. Gostei de a ver.

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